O mundo é feito de pessoas diferentes e únicas com variados tons de pele, credos e culturas. Mas existem alguns casos raros em que as diferenças deixam qualquer um de queixo caído, como a família Fugate e sua incrível pele, geneticamente, azul.
O Caso da estranha família Blue Fugate

Por volta de 1820 o órfão francês chamado Martin Fugate imigrou para o Leste do Kentucky com o objetivo de reivindicar uma concessão de terras nas margens de Troublesome Creek.
Martin possuía um gene recessivo muito raro que causava methemoglobinemia, uma condição onde o sangue, ao invés de ser vermelho, possui o tom amarronzado, dificultando a oxigenação das células e órgãos do corpo.
Assim as pessoas que sofriam desta condição genética tinham a pele e lábios azulados devido a cianose.
Curiosamente a esposa de Martin Fugate, a jovem Elizabeth Smith, também carregava este gene recessivo raro fazendo com que 4 dos 7 filhos do casal apresentassem a pele nitidamente azulada, apesar dela mesma possuir a pele branca.
A família se tornou parte da lenda local e ficaram conhecidos como os “Blue Fugates” ou “Kentucky Blues”, e sua linhagem familiar existiu no leste do estado por cerca de 200 anos.
A Familia azul viva em uma região isolada, principalmente devido a discriminação que sofriam.
As pessoas do local os achavam assustadores e por não saberem explicar as causas da cor azul da pele, optavam por se afastar.
Desta forma, não era incomum que os membros da família se relacionassem entre si, o que causou inúmeros casamento consanguíneos.
Desvendando o mistério

Entretanto em 1960 a hematologista Madison Cawein III foi contatada por dois membros da família Fugate com o desejo de descobrir o porquê desta característica incomum que vem assombrando a família durante gerações.
Como resultado, a hematologista retirou amostras de sangue e assim descobriu que era marrom e não vermelho como deveria.
Além disso a especialista começou a mapear a árvore genealógica dos Fugate na esperança de descobrir como iniciou o fenômeno.
Curiosamente Cawein soube de um caso semelhante entre povos nativos do Alasca, caso documentado por um médico do serviço público de saúde chamado E.M.Scott.
Conforme o médico a ausência de uma enzima especifica chamada Diaphorase nos glóbulos vermelhos resultou nesta rara condição de sangue marrom e pele azul.
Sendo que a ausência desta enzima é determinada pela presença de um gene recessivo específico.
Inegavelmente os casamentos consanguíneos colaboraram para que o gene recessivo permanecesse cada vez mais presente nos membros da família, causando a methemoglobinemia.
O Último Blue Fugate

Fugates of Troublesome Creek (geni.com)
Todavia, após a descoberta ter sido transmitida à família, seus membros decidiram sair da reclusão e se espalharam pelos Estados Unidos.
Eventualmente novos casamentos foram ocorrendo e genes inéditos introduzidos na família, diluindo a presença do gene recessivo.
Entretanto em 1975 nasceu o último Blue Fugate que se tem registro. Benjamin Stacy, nasceu com a aparência azulada o que causou um grande susto na esquipe médica responsável pelo parto.
Contudo, a avó do menino explicou a rara condição presente na família a gerações o que tranquilizou os médicos.
Assim após exames detalhados foi constato que o bebê era uma criança saudável.
Além disso, aos poucos a sua pele foi adquirindo a tonalidade normal, ficando azulada somente em dias de muito frio.
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Da Realidade Para a Ficção

A civilização humana está repleta de fatos históricos que se transformaram em lenda no decorrer do tempo.
A saga da família Fugate, marcada pela estranha característica de nascer com a pele azul, não foi diferente.
Então quando o caso chegou até a escritora Kim Michele Richardson, a saga que virou lenda no Kentucky, foi transformada em um livro chamado “The Book Woman of Troublesome Creek“, ou “A mulher do Livro de Troublesome Creek”, publicado em 2019.
Inegavelmente o romance é composto por duas histórias baseadas em fatos verdadeiros que ocorreram no leste do estado do Kentucky. Sendo um deles a saga da família Fugate.
Ainda que seja um romance de ficção apenas baseado na história real da família de pele azul americana, vale a pena conferir o trabalho da autora que soube falar a respeito da condição genética rara, de forma clara, simples e interessante.
Créditos de imagem: Bing Images e Pixabay