Saiba como os carros elétricos irão salvar o planeta
Sendo uma questão ainda muito debatida: a introdução de carros elétricos no lugar de carros movidos a combustíveis fosseis, é capaz de reduzir as emissões de dióxido de carbono? Pesquisadores da Universidade Radboud, localizada na Holanda, examinaram mais de perto esse assunto.
É difícil encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento humano e as alterações climáticas. Por um lado, o desenvolvimento nos permite aumentar a capacidade e as oportunidades que temos a nosso dispor. Por outro lado, exige o consumo de produtos e serviços que na maioria das vezes, impactam diretamente no meio ambiente.
Encontrar um equilíbrio, em que os insumos necessários para o desenvolvimento da humanidade, diminuam ou até mesmo eliminem a interferência com o meio ambiente, tem sido o tema de casa para alguns países.
Em 2015, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, realizada em Paris, 195 países firmaram um compromisso, conhecido como Acordo de Paris, com o objetivo central de maximizar a resposta global quanto as ameaças causadoras das mudanças climáticas e também para aumentar esforços no combate aos impactos decorrentes dessas mudanças.
Entre os 195 países que estão no acordo, fazem parte os maiores poluidores do mundo: Alemanha, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, Japão, México e Rússia. Responsável por quase 18% das emissões no globo terrestre, apenas o Estados Unidos ficou de fora do acordo.
O dióxido de carbono é um dos principais poluentes capazes de causar o efeito estufa e o objetivo do Acordo de Paris é de reduzir as emissões desses gases, mantendo a temperatura do planeta com um acréscimo médio abaixo de 2° C.
Cada vez mais comuns nas ruas, os veículos elétricos têm se tornado a principal opção de compra da população, aumentando em quantidade nos últimos anos. Seus benefícios vão muito além de não emitir gases poluentes, porém apesar dos outros pontos favoráveis, a não emissão de CO2 (dióxido de carbono) pode ser a principal arma contra o aumento do efeito estufa no planeta.
Se as famílias em todo o mundo mudassem para carros elétricos, isso reduziria, em quase todos os casos, as emissões de gases de efeito estufa. Mesmo que as emissões médias de CO2 pelas usinas geradoras de energia se mantenham ao nível de geração atual. Esse é o resultado de um estudo realizado por pesquisadores ambientais da Universidade Radboud, na Holanda, após calcular três cenários para os próximos trinta anos. A pesquisa será publicada em breve na revista científica: Nature Sustainability.
A questão que fica e tem sido bastante debatida é o quanto o aumento de carros movidos a energia elétrica, a qual não emitem gases prejudiciais ao meio ambiente, podem reduzir as emissões de CO2, tão prejudicial ao meio ambiente? De fato, a produção de veículos elétricos gera emissões de CO2 e, em muitos lugares, a eletricidade necessária para carregar as baterias dos carros ainda é gerada a partir de materiais altamente poluentes, como o carvão e gás. No entanto, de acordo com Florian Knobloch, um dos pesquisadores ambientais e o principal autor do estudo, os cálculos mostram que, se a humanidade focasse na eletrificação em todo o mundo, obteríamos, em quase todos os casos, uma redução nos gases de efeito estufa.
Os três cenários com carros elétricos
Os pesquisadores fizeram a chamada “avaliação do ciclo de vida”, na qual não apenas calcularam quanto gás de efeito estufa é produzido ao usar carros elétricos, mas também quanto é produzido na cadeia produtiva e no processamento de resíduos. Além dos veículos elétricos, os pesquisadores também fizeram cálculos semelhantes para aquecimento de residências com bombas de calor, em comparação com os métodos mais tradicionais de aquecimento de residências.
Três cenários futuros diferentes para os próximos trinta anos foram comparados entre si: um cenário em que continuamos com a atual política climática; outro cenário em que a política climática é adotada com base no objetivo de conter a temperatura em um aumento médio mundial de até 2° C, conforme o Acordo de Paris; e um cenário de pior caso em que as emissões de CO2 do setor de eletricidade permanecem como são hoje.
Para 95% de todos os quilômetros percorridos por carros elétricos em todo o mundo e 95% de todas as residências aquecidas, a eletrificação já teria um efeito favorável nas emissões de CO2 no momento. Além disso, esse efeito favorável só aumenta com o tempo em cada um dos três cenários futuros, especialmente quando a política climática ativa é adotada. Steef Hanssen, co-autor do estudo, mencionou que há apenas algumas exceções, como na Índia, Polônia e Irã, onde seria mais prudente manter a frota de carros fósseis por enquanto. A principal razão para isso é que a produção de eletricidade nesses países está atualmente associada a emissões de CO2 muito altas, resultando em eletricidade relativamente ‘suja’.
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Para tornar as simulações o mais realista possível, os pesquisadores levaram em conta todo tipo de coisa, como a porcentagem de famílias que se espera que realmente mudem para um carro elétrico. Knobloch acrescentou que a rede elétrica, é claro, não seria capaz de lidar com uma transição repentina, o que significa que a capacidade de produção deveria aumentar lentamente. É por isso que os pesquisadores também levam em consideração um aumento gradual de seu modelo.
Embora a frota de carros e caldeiras movidos a combustíveis fósseis também se torne cada vez mais eficiente nos próximos anos, os pesquisadores preveem que essas melhorias não superarão os benefícios da eletrificação. Do ponto de vista climático, a eletrificação deve, portanto, ser estimulada em quase todas as partes do mundo.
Crédito imagem: pxhere
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