Todos os anos o Brasil, juntamente com mais 100 países, comemora o dia 8 de março exaltando a importância da mulher na família e na sociedade. Apesar de ainda haver muito o que mudar e evoluir quanto a igualdade, principalmente no mercado de trabalho, muitas coisas já mudaram desde a época em que tudo começou em 1909 na cidade de Nova York, onde mulheres se uniram e saíram as ruas para reivindicar seus direitos civis de voto.
Seguidas pelas mulheres da Rússia em 1917, que saíram em marcha protestando contra a fome, contra as más condições de vida, de trabalho e exigindo igualdade de direitos.
De fato uma das mudanças mais significativas ocorreu na área da saúde na conscientização das mulheres, principalmente contra as doenças especificamente femininas como o câncer de mama e o câncer de colo de útero. Todavia o câncer cervical ou uterino é a terceira forma da doença que mais mata mulheres no mundo. Em primeiro lugar está o câncer de pele, seguido do de mama.
O Câncer Cervical ou de Colo do Útero
Este tipo de câncer é causado, principalmente, pela infecção pelo vírus papiloma humano ou o HPV. Este vírus é do tipo oncogênico,ou seja, ele causa lesões nos tecidos que podem alterar as células locais transformando-as em tumores cancerígenos.
A doença é caracterizada por um crescimento anormal de células com a capacidade de se espalhar pelo tecido, tomando o órgão e mesmo para outras partes do corpo. Na fase inicial da doença geralmente não se observam sintomas. Porém à medida que a doença avança podem surgir hemorragia vaginal sem qualquer motivo aparente, dores na região da pelve e dores durante o ato intimo.
Todavia é preciso observar que nem todas as mulheres que contraem uma infecção por HPV desenvolvem câncer, somente aquelas que se encontram dentro dos fatores de risco é que possuem altas chances de ficarem doentes .
Fatores de Risco
Apesar de o Papiloma Vírus ser o responsável pelo câncer de útero em 90% dos casos, nem todas as mulheres terão a doença se infectadas, pois existe tratamento quando a contaminação e as lesões são descobertas com antecedência.
Entretanto, mulheres expostas aos fatores de risco, como o tabagismo, o uso de pilulas anticoncepcionais, relação íntima com muitos parceiros sem uso de preservativos, se colocam numa situação que às pre dispõe ao desenvolvimento da doença. Além disso, a falta de um acompanhamento regular por um médico ginecologista, pelo menos uma vez ao ano, seja por falta de conhecimento ou por opção, torna tudo mais śerio. A prevenção ainda é a atitude que mais salva as pessoas de doenças graves.
Prevenção
Com certeza a melhor forma de evitar a doença ainda é a prevenção através do acompanhamento médico. O exame ginecológico chamado Papanicolau rastreia com ácido acético o tecido uterino, marcando eventuais alterações celulares que identifiquem lesões suspeitas ou pré-malignas. O Papanicolau deve ser feito uma vez ao ano e nos casos de alteração celular é realizada uma biopsia no local, onde uma amostra de tecido com diferenciação celular é analisado em laboratório.
Além disso, outro forma de prevenção da doença se dá através da vacinação. O Ministério da saúde, em 2014 instituiu no quadro de vacinas obrigatórias a tetravalente contra o Papiloma virus que protege contra os principais tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV para meninas de 9 a 13 anos. Então, em 2017, o Ministério estendeu a vacina para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Os dois primeiros causam verrugas nos órgãos genitais enquanto que os dois últimos são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero.
Tratamento
Apesar de haver vacinas ainda existe um pequeno risco de desenvolvimento da doença assim, a melhor maneira de tratamento ainda é a detecção por meio do exame periódico Papanicolau1 e diagnóstico precoce. Por exemplo, nos casos em que a única coisa que aparece nos exames investigativos é uma lesão pré-maligna que tenha possibilidade de evoluir para o câncer é feito um procedimento ambulatorial onde a ferida é cauterizada ou mesmo retirada através de uma eletrocirurgia.
Porém se confirmado o diagnóstico para câncer uterino, o tipo de tratamento vai depender do estágio e da evolução da doença como o tamanho do tumor e fatores como idade da paciente e se já tem ou se deseja ter filhos futuramente. Todavia o tratamento é uma combinação de cirurgia para a retirada do tumor somados a quimioterapia e radioterapia.
Entretanto medidas mais graves podem ser tomadas como a retirada total do útero, se esta for a diferença entre salvar a vida da paciente ou não. No entanto o prognóstico positivo depende do quão precoce foi a descoberta da doença, sendo que nos Estados Unidos a taxa de sobrevivência é de quase 70%.
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O Dia 8 de Março e a Saúde Feminina
Apesar de a data do dia 8 de março não ser comemorada ou lembrada no mundo inteiro, ela é importante na história e fundamental para a contínua evolução da sociedade quanto ao papel da mulher e sua importância como individuo, cidadã e profissional. Quanto aos fatores sociais que já evoluíram e melhoraram, estes devem ser comemorados, pois são a partir destas mudanças que muitas outras virão. Mudar séculos de história e de forma de pensar leva tempo e requer dedicação, paciência e inteligencia, acima de tudo.
Todavia, as evoluções na área da saúde no que se refere a conscientização da mulher quanto a si mesma e seu corpo são um bom exemplo de onde se pode chegar, afinal até pouco tempo atrás falar sobre a saúde feminina era proibido e vergonhoso. As ações preventivas contra o câncer de colo de útero e de mama por meio de orientações à população e do tratamento das lesões nas fases iniciais antes de se tornarem invasivas é fundamental na hora de salvar vidas.
Com certeza devemos lembrar as conquistas do passado e atuais no dia 8 de março, mas acima de tudo, não devemos esquecer delas nos outros 364 dias do ano e de continuar a partir delas, para que as futuras gerações tenham igualdade em todos os sentidos, respeito pelas diferenças e saúde para dar novos passos.
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