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Como os Astecas morreram?

Imagem: Pexels/ Roland DRz

Quase meio milênio após o colapso da nação asteca, a ciência finalmente lança luz sobre o mistério que envolveu a extinção de uma das civilizações mais avançadas da história. Em 1545, o império asteca enfrentou uma catástrofe demográfica sem precedentes, com uma doença mortal dizimando 80% de sua população, que contava com cerca de 15 milhões de pessoas. Os sintomas eram terríveis: febre alta, dores de cabeça intensas, seguidas de sangramentos pelos olhos, boca e nariz. Este evento marcou o fim definitivo dos astecas, deixando o mundo intrigado por séculos sobre sua causa.

Durante anos, cientistas se debruçaram sobre este enigma histórico, buscando entender como uma praga tão devastadora poderia ter surgido e se espalhado pelo México com tamanha ferocidade. A resposta, revelada após análises de DNA de dentes de vítimas enterradas há séculos, aponta para uma “febre entérica” causada pela bactéria Salmonella enterica, subespécie Paratyphi C. Esta bactéria, conhecida por se espalhar através de alimentos ou água contaminados, foi identificada como o agente provável dessa “pestilência” descrita pelos astecas como “cocoliztli”.

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A origem da epidemia que exterminou os Astecas

A investigação científica, publicada na renomada revista Nature Ecology and Evolution, sugere que os colonizadores europeus foram os inadvertidos portadores dessa fatalidade. Ao trazerem animais infectados para o México, introduziram um patógeno ao qual os astecas nunca haviam sido expostos, e contra o qual não possuíam imunidade. Este cenário não é único na história; diversas outras civilizações nativas das Américas foram devastadas por doenças trazidas pelos europeus, como gripe, varíola e sarampo. No entanto, a especificidade da Salmonella enterica Paratyphi C. como causa da extinção asteca destaca-se como um achado singular, descartando hipóteses anteriores que apontavam para outros agentes patogênicos.

Legado Asteca: Entre a tragédia e a grandeza

Apesar do desfecho trágico, é inegável que os astecas deixaram um legado de grandeza. Sua sociedade, uma das mais sofisticadas e avançadas de seu tempo, continua a fascinar e ensinar. O estudo recente não apenas resolve um mistério histórico de longa data, mas também reitera a importância de entender as interações entre civilizações e como eventos de contato podem ter consequências devastadoras para povos sem imunidade a doenças estrangeiras.

Este episódio sombrio na história humana serve como um lembrete da fragilidade das sociedades diante de ameaças invisíveis e da importância da ciência na resolução de mistérios que, por séculos, permaneceram sem resposta. A descoberta científica da causa da morte dos astecas não apenas preenche uma lacuna em nosso entendimento histórico, mas também destaca a interconexão entre povos, culturas e ecossistemas ao longo da história da humanidade.

A revelação da causa da morte dos Astecas não é apenas um fechamento de capítulo na história da medicina e da arqueologia; ela abre novas janelas para a compreensão das dinâmicas de contato entre civilizações distintas e as consequências desses encontros. A chegada dos europeus às Américas marcou o início de uma era de trocas – não apenas culturais e materiais, mas também biológicas, com impactos profundos e muitas vezes devastadores para as populações nativas.

Este estudo sobre a extinção dos Astecas por uma forma de febre entérica causada pela Salmonella enterica Paratyphi C. destaca a vulnerabilidade das sociedades frente a patógenos contra os quais não têm defesa. Mais do que isso, ressalta a importância do estudo de doenças antigas para a compreensão da saúde pública e da evolução das doenças ao longo do tempo. A ciência, ao desvendar os mistérios do passado, fornece insights valiosos para o presente e o futuro, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado onde o risco de pandemias é uma preocupação constante.

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