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3 brilhantes mulheres apagadas pelo machismo

A cultura humana ao longo da história é marcada pela suposição de que a o masculino é superior ao feminino e este comportamento que foi e ainda é construído continua mantido até hoje, não com a mesma intensidade nem da mesma forma que a alguns anos atrás, época em que viveram nossas avós, em que cresceram nossas mães e onde atuaram brilhantes indivíduos femininos como Camille Claudel, Rosalind Franklin e Maria Quitéria de Jesus. Estas mulheres foram incríveis cada uma na sua área de atuação respectivamente: Belas Artes, Ciências e Militar.

Brilhantes Mulheres apagadas pelo Machismo

Camille Claudel

Mulher: Camille Claudel

Primeiramente nascida Camille Athanaïse Cécile Cerveaux Prosper foi uma escultora francesa que infelizmente ficou mais conhecida por ser a irmã mais velha do poeta e diplomata Paul Claudel e, futuramente, por seu envolvimento com o escultor Auguste Rodin, ficando a sua sombra durante décadas.

No entanto a artista estudou belas artes na Académie Colarossi, um dos poucos lugares que aceitava a matricula de estudantes mulheres, e teve como professor o escultor Alfred Boucher. Porém em 1884 o escultor Auguste Rodin assumiu a turma de Afred Boucher e assim nasceu o relacionamento de Rodin com Camille, quando ela estava com 19 anos.

Quando Camille começou a esculpir seu trabalho possuía influencia das técnicas de Rodin porém com um estilo completamente diferente.Todavia, devido ao fato de ser uma mulher tentando obter a independência numa sociedade muito mais machista do que a de hoje, Camille recebia poucas encomendas e os materiais para realizar o seu trabalho, ou seja, o mármore e as peças de cobre eram extremamente caros, por causa disso se viu obrigada a depender de Rodin para vendar suas obras, deixando-o levar o reconhecimento por alguns de seus trabalhos na tentativa de se manter.

Camille Claudel teria esculpido a escultura de mármore Shakuntala ou Sakountala, uma de suas obras mais bonitas, ao notar que Rodin se aproveitava de sua situação injusta e a explorava de enumeras maneiras. Desta forma ela acabou reconhecendo como a sociedade abusava e menosprezava as mulheres e a escultura, em especial, seria uma expressão de sua vida solitária e de sua busca por uma identidade como artista, como mulher e como individuo na sociedade da época.

Devido ao stress  aos poucos começou a ficar doente, sendo internada pelo próprio irmão em um hospital psiquiátrico. Mas, antes que a esquizofrenia e a sociedade a adoecessem criou várias obras como: A Valsa e A Idade Madura, atualmente expostas no Museu Nacional de Mulheres Artistas, Kunsthalle Bremen na Alemanha.Infelizmente, Claudel faleceu sozinha e completamente anonima, em 19 de outubro de 1943, após viver 30 anos no hospício de Montfavet, atualmente conhecido como Asilo de Montdevergues, um moderno centro hospitalar e psiquiátrico e seu corpo foi enterrado no cemitério da instituição em uma vala comum.

Rosalind Franklin

Mulher: Rosalind Franklin

Primeiramente, Rosalind Franklin era formada em Fisico-quimica pela Universidade de Cambrige na Inglaterra e foi autora da “fotografia 51”, a polemica imagem fotográfica com ótima definição do DNA que foi o melhor registro fotográfico da estrutura obtido até então, em 1953. Desta forma, graças a esta imagem, foi possível notar que o DNA tem o formato de uma dupla hélice em espiral.

Em primeiro lugar, Rosalind decidiu que queria ser cientista aos 15 anos mas seu pai era contra por não ser ” uma área feminina” e quando ela ganhou uma bolsa de estudos na universidade,  pediu que ela cedesse a bolsa para alguém que merecesse, de preferencia um homem.

Todavia Rosalind se formou tornando-se pesquisadora e em 1942 começou a trabalhar na área analisando a estrutura física de materiais carbonizados usando raios-x e se uniu à equipe de biofísicos do King’s College Medical Research Council no laboratório de biofísica de Maurice Wilkins.

Assim sendo aplicou seus estudos com difração do raio-x para determinar a estrutura da molécula do DNA. Desta forma, suas analises permitiram aos bioquímicos James Dewey Watson e Francis Crick e, ao seu chefe Wilkins, confirmar a dupla estrutura da molécula do DNA, o que rendeu ao três homens o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1962, mas não para Rosalind Franklin pois seu nome não levou os créditos pela descoberta devido a fato de Wilkins ter tido acesso ao material da cientista e se apossado dele.

Aliás a fama dos três cientistas aconteceu porque Wilkins, juntamente com Crick e Watson em 1953, tiveram a ideia de publicar na famosa revista Nature um artigo com a proposta da estrutura obtida pela foto que é aceita até os dias de hoje. Rosalind Franklin não foi citada no artigo e seu nome foi totalmente deixado de fora da descoberta.

Porém em 1960 cartas trocadas entre os três cientistas comprovaram, não só a importância de Rosalind Franklin na descoberta mas como autora da imagem. Desta forma ela passou a ser reconhecida pela comunidade científica como autora das fotos que possibilitaram a observação da dupla hélice e, quarenta anos depois, no ano de 2000 James Dewey Watson citou o nome de Franklin como tendo papel fundamental para sua descoberta.

A Brilhante cientista morreu jovem de câncer nos ovários aos 37 anos e sem o seu premio Nobel , pois não existe a entrega póstuma deste premio e, seu reconhecimento ficou a sombra de três homens por décadas.

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Maria Quitéria de Jesus

Mulher: Maria Quitéria

Maria foi a primeira mulher militar do país e lutou nas batalhas pela independência do Brasil. Assim, a baiana nasceu em 27 de julho de 1792 e era filha do português Gonçalo Alves de Almeida e de Joana Maria de Jesus, que faleceu quando ela era ainda criança. Embora nunca tenha estudado, em casa ela ajudava nas tarefas e por morar em uma fazenda se tornou uma excelente amazona. Além disso, atirava muito bem e sabia caçar, fugindo aos padrões do papel feminino, principalmente na época.

Em virtude de possuir essas aptidões sentiu vontade de se alistar mas seu pai foi totalmente contra. Porém, com o apoio da irmã e usando o nome do cunhado, Medeiros, ela se alistou escondida do pai. Assim sendo, cortou os cabelos e vestida de homem ingressou no batalhão dos “Voluntários do Príncipe Dom Pedro” que depois foi incorporado à “Primeira Divisão de Direita”, também chamado de batalhão dos “Periquitos” devido a cor verde das suas fardas.

Entretanto, uma semana depois o pai de Maria descobriu onde ela estava e foi tirá-la de lá, mas o oficial e major José Antônio da Silva Castro não permitiu que ela fosse desligada,devido a sua disciplina militar e pela habilidade nas armas. Além disso, era conhecida no batalhão por lutar com bravura e pelo comportamento destemido.

Aliás , ao chegar no Rio de Janeiro, sua fama era um fato e devido a sua bravura foi condecorada com a “Ordem Imperial do Cruzeiro do Sul”, em uma audiência especial onde recebeu a medalha das mãos do próprio Imperador Dom Pedro I. sendo promovida a Alferes de Linha. Além disso, foi condecorada por ele com a medalha e o título de cavaleiro no, gênero masculino, pois não havia esse tipo de premiação para mulheres, do recém-fundado Império com os dizeres:

“Querendo conceder a D. Maria Quitéria de Jesus o distintivo que assinala os Serviços Militares que com denodo raro, entre as mais do seu sexo, prestara à Causa da Independência deste Império, na porfiosa restauração da Capital da Bahia, hei de permitir-lhe o uso da insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro”.

Maria Quitéria encerrou sua carreira militar como alferes e voltou para a Bahia com uma carta do Imperador, dirigida a seu pai, pedindo que ela fosse perdoada pela desobediência. Então se casou com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, tendo uma filha Luísa Maria da Conceição. A militar faleceu no anonimato no dia 21 de agosto de 1853.

Entretanto, seus feitos lhe deram um lugar de descanso digno na Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento no bairro de Nazaré em Salvador. Além disso, em 1920, um decreto ministerial transformou Maria Quitéria em Patronesse, titulo feminino de Patrono, do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro, setenta anos após sua morte.

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