O Curativo de Tilápia
Da mesa para o hospital, este foi o trajeto feito pela Tilápia, peixe de água doce cuja a carne leve e de sabor muito apreciado em vários estados do Brasil, transformou a vida de muitas pessoas. Entenda como a Tilápia se tornou uma forte aliada na recuperação de pessoas queimadas.
A Tilápia
A Tilápia é um peixe de água doce original da África e que foram introduzidas nas Américas do Norte e Sul, sendo atualmente encontradas com facilidade em vários estados brasileiros, principalmente em Minas Gerais e São Paulo.
O sucesso da Tilápia entre os seus criadores é devido a facilidade com que se reproduz em cativeiro, além do fato de sua carne ter alta qualidade por ser muito leve, com poucos espinhos e de sabor excelente.
Outra característica bastante útil da Tilápia é que ela pode ser usada para controlar certos organismos que podem se tornar uma praga ao se reproduzirem demais, como o caso de certas plantas aquáticas. O peixe é usado para conter o seu crescimento pois se alimenta de suas raízes.
Aliás em algumas regiões do país ela é colocada nos arrozais depois que o arroz é plantado para controlar a proliferação de insetos. Quando atingem o tamanho ideal para serem consumidas, cerca de 12 a 15cm, normalmente coincide com o período de colheita do arroz.
A Tilápia foi o primeiro peixe a ser criado em cativeiro através da aquicultura pelos antigos egípcios a cerca de 4000 anos e, apesar de ser um peixe de água doce, se adapta com facilidade a água salgada.
O Curativo de Tilápia
A nova técnica que utiliza o chamado Curativo de Tilápia para o tratamento de queimados foi inteira desenvolvida no Brasil, no estado do Ceará pelo cirurgião plástico Marcelo Borges, coordenador do setor de tratamento de queimados do Hospital São Marcos em Recife.
A ideia teria nascido em 2011 quando o médico brasileiro leu a respeito do uso da pele do animal na fabricação de artesanatos. Então porque não tentar usar o material de outras formas como na área da saúde.
Sabendo que existe uma grande carência de pele nos bancos de doação, sendo que só existem três destes locais especializados em todo o Brasil, o cirurgião deu inicio a pesquisa, se surpreendendo com os resultados.
O primeiro passo é a retirada da pele do animal por uma equipe especializada. Os tecidos são lavados em água corrente e depois acondicionados em caixas isotérmicas antes de serem levados para o Banco de Pele da Universidade Federal do Ceará onde o material é pré esterilizado.
Após este processo, a pele da Tilápia é enviada para São Paulo, no instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) onde passa por um processo de radioesterilização com o intuito de eliminar qualquer agente patogênico que ainda possa estar contaminando o material.
Todavia, somente 20 dias depois da esterilização é que os tecidos retornam ao Banco de Pele no estado do Ceará onde são armazenados em refrigeração e seu prazo de uso é de até 2 anos se acondicionados da forma correta.
A pele da Tilápia atua como uma cobertura para ferida ou um curativo, porém sem a necessidade de ser trocado com frequência como nos tratamentos convencionais onde o tamponamento é feito com gaze.
Além disso, o Curativo de Tilápia por ser um tratamento com tecido natural e ter forte aderência ao ferimento evita que a região queimada seja contaminada por agentes externos e que perca líquidos e proteínas importantes para o processo de cicatrização.
Outros países como Estados Unidos, Holanda e Alemanha já estão analisando os resultados e benefícios deste tratamento, pois a maioria reabilita ferimentos de queimaduras com pele humana ou pele de suínos, recebidas por bancos de doação.
De acordo com Edmar Maciel, médico especializado em cirurgia plástica, o resultado com o novo tratamento é excelente e não é observado nenhuma contraindicação. Aliás como este novo método de curativo não precisa ser limpo e trocado com frequência, o paciente não sofre tanto por não ser manuseado constantemente, tendo mais conforto.
A pele da Tilápia possui grande quantidades de colágeno tipo 1 ,em uma proporção duas vezes maior do que a presente na pele humana que para o processo de cicatrização é fundamental.
Outra vantagem do curativo de Tilápia é o baixo custo, que o torna acessível a todos, e o fato de suprir a carência dos Bancos de Pele, devido a pouca quantidade de material disponível de tecido humano.
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O Tratamento Convencional
O tratamento convencional oferecido ás vitimas de queimaduras, tanto no Sistema Único de Saúde ( SUS) como em outros centros de serviços para queimados, é feito com o uso de curativos onde os ferimentos são tratados com pomadas a base de sulfadiazina de prata, por ter ação antimicrobiana, e cobertos com gaze.
Estes tamponamentos são trocados a cada dois ou três dias dependendo da necessidade, entretanto manipular uma vitima de queimadura, principalmente nos casos mais graves, é extremamente doloroso e na maioria das vezes é necessário sedar o paciente para que consiga suportar a troca e limpeza dos curativos.
Contudo, o tratamento com curativo de Tilápia não precisa ser trocado com esta frequência, aliviando o sofrimento da vitima, reduzindo a necessidade de sedação, além de acelerar o processo de cicatrização devido ao colágeno e a preservação dos líquidos e proteínas, que costumam ser perdidos nos curativos tradicionais.
Auxilio ao Líbano
Recentemente o Líbano foi assolado por graves explosões, matando muitas pessoas e ferindo inúmeras com queimaduras sérias. No intuito de ajudar essas vitimas e auxiliar a população libanesa neste momento difícil, médicos brasileiros estão levando a técnica do Curativo de Tilápia para o Líbano.
Por não possuir contra indicações o tratamento brasileiro é seguro e pode ser usado em crianças e adultos como um eficiente curativo biológico. Além disso, o seu baixo custo o torna bastante acessível a grande parte da população.
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