CoronavĂrus: Vilarejo italiano que consegue conter a propagação do vĂrus
Vò Euganeo Ă© um pequeno vilarejo com um pouco mais de 3 mil habitantes, localizada na regiĂŁo de Veneto, uma das regiões muito afetadas na Itália pelo coronavĂrus.
O vilarejo ganhou destaque internacional em 21 de fevereiro, quando Adriano Trevisan, um morador de 77 anos, morreu de coronavĂrus. No entanto, o que garantirá a Vò Euganeo um lugar na histĂłria da medicina Ă© a decisĂŁo tomada pelo governador da regiĂŁo de Veneto (que inclui Pádua, Veneza e Verona) de testar todos os 3.341 habitantes da cidade duas vezes: a primeira vez antes de fechá-la do resto da Itália e uma segunda vez duas semanas depois.
O modelo utilizado em Vò Euganeo
Desde o inĂcio, Vò Euganeo aplicou a estratĂ©gia de teste de massa aplicada na CorĂ©ia do Sul. Como resultado, a localidade conseguiu isolar pessoas infectadas mesmo quando eram assintomáticas.
Em 23 de fevereiro, foi instalado um centro de análises em uma escola da pequena cidade para que os moradores pudessem ser testados. Em praticamente uma semana, todos os moradores se submeteram ao teste e foi identificado 89 pessoas com o vĂrus. Imediatamente as autoridades solicitaram o isolamento em suas casas por 14 dias.
Se descobriu com o teste em massa, que mais de 50% das pessoas confirmadas com o vĂrus, eram assintomáticas ou apresentavam poucos sintomas, porĂ©m, apĂłs 14 dias do confinamento, o teste em massa foi realizado novamente em todos os moradores e desta vez, identificaram 542 casos de pessoas positivas para o novo coronavĂrus (COVID-19) na pequena cidade de Vò Euganeo.
O que se identificou com o experimento?
O experimento permitiu conhecer melhor como o vĂrus se comporta e comprovar cientificamente dois pontos fundamentais para bloquear a cadeia de transmissĂŁo do vĂrus: o perĂodo de incubação do vĂrus, que Ă© de duas semanas; e que todas as estratĂ©gias necessárias para conter a propagação do vĂrus, deve-se levar em consideração a quantidade de pessoas infectadas que nĂŁo apresentam sintoma algum.
Sabendo que mais de 50% das pessoas infectadas sĂŁo assintomáticas, reduz em grande nĂşmero a taxa de mortalidade, mas permite que o vĂrus seja disseminado mais rapidamente sem o conhecimento da população, já que nĂŁo Ă© possĂvel identificar os transmissores.
Após 14 dias de isolamento, com a testagem em massa e o acompanhamento da população, a vida voltou a circular normalmente e uma semana depois da liberação, já não havia mais registros de novas contaminações.
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Quarentena eficiente
Com os testes em massa em todos os moradores da pequena cidade de Vò Euganeo e o posterior isolamento em suas casas por 14 dias, tudo com o acompanhamento das autoridades, se teve a negativação dos registros de novas contaminações.
Infelizmente, apĂłs uma semana da liberação do isolamento, novos casos voltaram a surgir, levantando uma questĂŁo: “Quais sĂŁo os critĂ©rios que se decide acabar com o isolamento social? Se Ă© feito apenas baseando na diminuição do nĂşmero de doentes, está se deixando de fora todos os casos assintomáticos, e isso quer dizer que a doença pode voltar.” Afirma Andrea Crisanti, um dos responsáveis pelo experimento em entrevista Ă BBC Mundo.
A experiĂŞncia italiana sugere que o isolamento social da população da pequena cidade foi uma condição necessária, porĂ©m insuficiente para impedir a propagação da doença. Se 50% a 70% dos infectados sĂŁo assintomáticos, nĂŁo há como conter a propagação de infectados, a menos que sejam feitos testes em massa.Â
Uma vez que grande parte dos infectados sĂŁo assintomáticos, com o teste em massa, apesar de aumentar drasticamente o nĂşmero de casos positivos, reduzem a taxa de mortalidade, já que fica identificado a real população com o vĂrus do novo coronavĂrus. Testar apenas pacientes com sintomas, nĂŁo deixará claro a quantidade de infectados e nem irá parar a propagação da doença.
CrĂ©dito imagem: pxhereÂ
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